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Comportamento

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… sou doente ou sedentária

Posso parecer repetitiva, e serei sempre que possível, mas precisamos urgentemente parar de patologizar pessoas gordas.

… estou desesperada por um (a) companheiro (a) e vou topar sair com qualquer babaca

Se ele prometer ficar caladinho, de repente eu posso até fazer esse sacrifício

…me alimento de fast food, doces e comidas altamente calóricas

Gorda também come salada, come carne sem gordura. Tem gorda vegetariana, gorda que não consome glúten, gorda que não gosta de chocolate. Ainda assim, as pessoas podem comer o que tem vontade, e, ficar controlando alimentação alheia é super inconveniente, viu?

…sou descuidada com a minha aparência

Gorda não é relaxada ou preguiçosa, é só uma pessoa como outra qualquer, com dias de maravilhosidade e dias mais relax, que só um coque no cabelo basta. Aceitem.


… preciso “compensar” minha existência com outras qualidades

“Sou gorda, mas..”, por favor, pare. Ser gorda não é defeito, você não precisa compensar ou justificar sua aparência física com inteligência, beleza, sensualidade, etc. Você pode ser gorda E linda E inteligente E bem humorada.

❤ Nunca deixe que os clichês te atinjam, não se deixe levar pelo que as pessoas acham, lembre-se sempre desse post cada vez que alguém tentar te diminuir com esses chavões ultrapassados. Você é muito mais que um lugar comum qualquer. 

De todos os 28 verões que já vivi, nenhum foi tão libertador como esse último. Acho que já comentei aqui, durante muitos anos eu passei os verões no ar condicionado e com pleno horror de praia ou piscina, mas agora descobri que eu sou uma super sereia! Sempre que pinta oportunidade, passo um protetor e corro pra piscina do meu condomínio. Claro que a minha amostragem é “viciada”, mas eu nunca vi tanta mulher gorda sem vergonha nenhuma de exibir o corpo, postando fotos nas redes socais e ocupando espaços que antes diziam ser só para corpos sarados.

No início da estação, eu dei dicas de lojas que fazem biquínis em tamanhos grandes, mas acabei encontrando outras pelo caminho e comprei mais algumas peças. Vamos aos Looks?

Esse foi o biquíni campeão do verão. Entre dezembro e janeiro, pelo menos duas vezes por semana pipocava na minha timeline – seja no Instagram ou no Facebook -, e eu ganhei de presente do meu noivo. O famoso Biquíni Maravilha é super confortável e estiloso, te faz sentir uma verdadeira heroína 🙂

Em um final de semana qualquer do verão, fui pra Cabo Frio, cidade da Região dos Lagos daqui do RJ. Minha mãe queria ir na tradicional Rua dos Biquínis e eu a acompanhei. É uma rua bem grande onde só.tem.lojas.de.moda.praia. Muitas tinham recados na porta que diziam TEMOS PLUS SIZE e faziam meus olhos brilharem, mas quando eu entrava, eram aqueles plus size fajutos. Calcinha grande, modelagem pequena. Vestia no máximo um 48. Achei uma única loja realmente plus size, que tinha numeração do 44 ao 60, mas estava fechada. Já tava toda emburrada, quando uma vendedora de loja regular falou de uma loja que tinha na rua da frente. Quando cheguei lá, fiquei louca! Eu já tinha biquíni, mas tava em busca de uma calcinha de cintura baixa pra poder me bronzear, e a loja MC Moda Grande fabricava biquínis até o 70! Com esse top GG de uma loja regular, comprei a calcinha XXG (é tipo o médio deles), e dei esse close de sereia em um passeio de barco em Arraial do Cabo. Essa calcinha é apenas o amor dos meus dias ensolarados, a marquinha dela é linda!

Por último, mas não menos importante: ganhei de presente esse biquíni da Virall, com essa estampa que eu já estava namorando há séculos. Ele é bem lindinho, mas eu não uso na praia por ter um corte menor – já fico imaginando eu tomando um caixote e a calcinha indo embora, rs -, mas na piscina pra lazer e pra tomar sol é maravilhoso.
Como eu sou uma amante da marquinha de biquíni, todos os meus sutiãs precisam ser com amarração no pescoço. É o jeito que eu gosto, tem a ver com meu estilo. Todas as lojas que eu citei tem outros modelos e estampas de sutiãs e calcinhas, tem pra todos os gostos e eu vou amar ver fotos de vocês aproveitando o verão passado – e também os próximos, claro! Posta aqui nos comentários uma foto sua e onde você comprou seu biquíni ou maiô!

Assim como marcas consideradas “naturais” do nosso corpo, as tatuagens também contam a nossa história. Algumas das minhas tem algum significado real, outras só expressavam algo que eu curtia na época – tipo a estrela no ombro, hoje considerada cafonérrima. Eu tinha 16 anos, foi meu debut de tatuagens, haha. De lá pra cá foram 10 tatuagens, todas carregadas de sentimento, lembranças, e um total de 0 arrependimentos.

“Ser gorda significa ter mais espaço para tatuagens”

Confesso que morro de vontade de me tatuar em locais que dizem não serem apropriados para mulheres gordas. Costela, coxa e bíceps são meus alvos, mas todo dia é de desconstrução, e preciso repetir pra mim e pro mundo que não preciso emagrecer ou deixar de ter celulites pra ter uma tatuagem linda na coxa, mas ainda tô em processo de aceitação. Tenho muitas ideias, algumas inspirações e uns medos, também. Do desenho ficar “desproporcional” ao tamanho da minha coxa, de não ficar bonito, sei lá.

Como não se encher de coragem?

Vejam bem, eu sei que é neura. Sei que é coisa que tá todo mundo o tempo inteiro colocando na minha cabeça. Que eu não deveria tatuar a costela por causa das dobrinhas, que eu deveria afinar um pouco meu bíceps antes de pensar em deixar uma marca eterna. E pra me ajudar no processo – e plantar a sementinha da liberdade em quem ainda tá em dúvida -, separei algumas tatuagens em locais ditos desfavoráveis, e também outras carregadas de body positive (mensagens que dão suporte positivo à todos os tipos de corpos):

Se antes você rejeitava a ideia desse tipo de tatuagem, garanto que você pelo menos passou a considerar a possibilidade de se tatuar em um desses locais, ou ainda com desenhos / mensagens que mostrem o orgulho do próprio corpo. Se ainda te restam dúvidas, encerro esse post com a maior top model que o mundo plus size já viu até hoje. Além de linda, top model, capa de revista e lacradora, Tess Holliday é mega tatuada, viu?

Nas últimas semanas eu vim publicando sobre um evento super bacana que aconteceu ontem aqui no Rio de Janeiro: o Big Bazar de verão! Organizado pela multitask Babu Carreira – a mina é atriz, blogger, vlogger, pole dancer E modelo -, o Big Bazar contou vários stands de lojas queridinhas das It gordas e algumas ações para entreter os frequentadores, como uma batalha de looks entre blogueiras, sorteios e rodas de conversas com temas ligados às mulheres gordas.

O evento rolou na AABB, na Tijuca, e bombou muito! A mulherada tava enlouquecida comprando, e eu tive que segurar a onda, pois desempregada estou rs. Foi ótimo poder experimentar algumas roupas que eu só via pela internet e não sabia se caberiam em mim, agora tenho anotadinhos meus tamanhos na Upsy, na Oh,Querida! e também na Lollaboo!
Falando em Lollaboo, eu havia sido convidada pela Babu a participar da batalha de looks entre blogueiras. Minha “rival” era a Kalli, do Beleza Sem Tamanho, e montamos looks com peças da Lollaboo. Tive que escolher uma modelo que estava passeando pelo bazar, e conheci a linda xará Mari. Escolhemos dois vestidos juntas e acabei a deixando à vontade para escolher com qual se sentiu mais confortável. Ela ficou linda e vencemos a batalha de looks, eu e a xará ganhamos uma saia da Lollaboo. Eu escolhi uma com estampa de cachorrinhos, é a coisa mais linda, em breve monto um look aqui no blog. Depois, a Cida Neves me pegou como modelo dela, é mole? Vencemos a batalha com roupas do Big Brechó, fui duplamente campeã! Citando Inês Brasil, “não vou mentir, eu adoro”.
Explicando a escolha do look montado pra minha xará Mari 
Cida falando sobre o look montado com roupas do Big Brechó. Amei tanto o short que comprei!
Também fui convidada pra participar da roda de conversa sobre gordofobia. A mesa era formada também pela Cida Neves, do Ouse ser você, a Kalli, do já citado Beleza Sem Tamanho, e a Bee, que tem uma marca maravilhosa de biquínis, a F.A.T. Discordamos em alguns pontos, concordamos em muitos outros, e o debate foi super saudável – pasmem -, com muita gente magra assistindo e prestando atenção.
Bee, eu, Cida e Kalli conversando sobre gordofobia
Eventos direcionados para mulheres gordas são sempre legais! Depois que eu montei o blog, perdi a vergonha e comecei a procurar outras blogueiras que também falam do mesmo universo que eu. Nossa, como eu conheci gente bacana! Ontem não podia ser diferente, foi um festival de fotos (meu boy foi o rei das fotos das migas), selfies, abraços, gritinhos, risadas… É muito bom estar perto de gente que entende a gente.
Gente que entende a gente  
Agora, o look. Eu estava super preocupada com a temperatura no dia do evento. Sabia que o salão nobre da AABBB tem ar condicionado, mas queria algo fresquinho e confortável, e o vestido com estampa de melancias da Kisielevski tinha tudo o que eu buscava! Lindo, confortável e fresco. Completei com um mocassim combinando com o cinto, e uma bolsinha de couro, e amei o look todo! A make maravilhosa ficou por conta da Carol Cavalcante, e foi super elogiada! Mesmo com todo o calorão, a maquiagem ficou intacta. Muitos beijos, abraços, bebidas, e um jantar depois, ainda estava tudo no lugar, inclusive o batom. Recomendo com força.
Esse vestido e essa make  
Aproveito o post pra agradecer à Babu e toda a organização do evento pelo convite para participar das ações do bazar. Foi um sucesso, estava super cheios, as marcas tinham coisas lindíssimas e eu aposto que o Big Bazar só tem a crescer! Não duvido em breve o evento ser num Riocento ou num Sulamérica da vida #megalomaníaca. Foi demais!

Quando falamos em gordofobia e em todas as dores, traumas e abalos que ela causa nas pessoas gordas e obesas, a tendência é ter sempre alguém para minimizar a questão e dizer que também sofre aquilo. Toda gorda já ouviu pelo menos uma vez de alguma amiga as seguintes frases:

“Preciso emagrecer, minha mãe vive no meu pé dizendo que eu tô gorda.”


“Vou dar uma segurada nas gordices**, daqui a pouco vou ter que vestir 46″

“Segunda-feira eu volto pra academia, projeto verão 2030 tá aí rssssssss”

Veja bem. Essa pressão acerca da estética colocada em cima da maioria das mulheres, essa busca pelo corpo ideal , etc. é muito ruim. Mas NÃO É GORDOBOFIA. Existe uma diferença muito grande entre se sentir gorda e realmente ser gorda. E é sobre isso que eu falarei na seção ‘Onde os gordos não tem vez’ . Sobre como direitos a atividades básicas são negados à pessoas gordas, muitas vezes disfarçados.
“Ser gorda não faz de você uma pessoa inferior”
“No momento estamos procurando por um outro perfil”.
Você tem tudo o que a vaga pedia, e mais um pouquinho. Na dinâmica é claramente uma das candidatas mais preparadas. Alguns dias depois, a pessoa responsável pelo processo seletivo te liga e diz que infelizmente você não estava no perfil daquela vaga, ou encontraram uma pessoa que tem mais o perfil da empresa. Mas qual seria esse perfil?
Um estudo feito em 2014 com dezesseis mil pessoas apontou que 15,8% dos entrevistados têm muita rejeição para presidentes e diretores obesos e 10,4% para gerentes e supervisores. O estudo ainda apontou ainda que quando mais alto o cargo, menos obesa espera-se que a pessoa seja. Cada vez mais vemos casos de concursados públicos – professores, auditores, e até fiscais de renda – que se esforçam, passam meses (ou anos) estudando para concursos, e, apesar de terem ótimos exames e saúde invejável, são considerados inaptos a exercerem seus cargos por causa do peso. 
É claro que em processo seletivo de empresas privadas o recrutador jamais vai dizer que você não foi contratado por ser gorda. Mas os estigmas que nos acompanham são muito injustos, e, não raramente, acabam por nos eliminar do recrutamento. Gordos são vistos como preguiçosos e desleixados, características que chefe nenhum quer no seu funcionário, né?
Se falarmos em profissões que “trabalhem com a imagem”, então… Quem aí já viu recepcionista gorda? E repórter? E quem nunca estranhou o fato de todas as comissárias de bordo serem magras? E assim vem sendo segmentado e delimitado o espaço das mulheres gordas no mercado de trabalho. É importante que os profissionais de RH se reciclem e se atualizem cada vez mais, para que não deixem esse tipo de pensamento se perpetuar ou contaminar outros executivos e chefes. Não podemos deixar que a gordofobia ganhe mais espaço no mercado de trabalho.
Se você, assim como eu, é uma pessoa preparada para o mercado, sem medo de trabalho e tá louca por um emprego, eu digo que não tá fácil pra ninguém, mas fica aí a dica:
“Não interesse de onde você veio, de que cor você é ou qual o formato do seu corpo… seja o melhor que você puder.”
** Associar junkie food a gordos é erradíssimo. Muitos gordos se alimentam de forma saudável e nem passam perto de comidas processadas, enquanto ninguém se importa com gente magra comendo x-tudo.