Este NÃO é mais um post sobre a dieta detox da moda ou com altos níveis de cagação de regra nas refeições de vocês. Pode parecer um papo chato e clichê, mas queria falar sobre o que a gente anda consumindo e oferecendo às outras pessoas na internet. Alimento para a mente, saca?

Desde que comecei a buscar mais informações e debates sobre gordofobia, uma coisa inusitada chama minha atenção: por que em todos os grupos e fóruns, os membros – em sua maioria gordos, como deve ser – ficam compartilhando postagens gordofóbicas, ou comentários de portais gordofóbicos, ou “piadas” gordofóbicas?  Não é raro ver esses compartilhamentos com uma legenda que diz “olha que absurdo, gente”. É isso mesmo que queremos compartilhar com as pessoas que muitas vezes já sofrem gordofobia agressiva fora da internet?

Infelizmente não dá pra simplesmente ignorar alguns posts ou comentários, mas deixa eu compartilhar uma novidade com vocês: precisamos escolher as batalhas que vamos enfrentar. Durante um tempo, eu fiquei raivosa e agressiva, pois passava dias discutindo com pessoas que falavam que ser gordo é doença, que gordas não podem isso ou aquilo, e, principalmente, a galera que fazia memes e posts engraçadinhos com gordos. Onde isso me levou? A lugar nenhum. Eu passava tanto tempo naquele estado de ódio, que quando me desconectava tinha dificuldades em lidar com as pessoas à minha volta.

Foi preciso um sacode de uma amiga, pedindo pra eu baixar a guarda e colocar o pé no freio, pra que eu me desse conta que estava passando tempo demais discutindo com quem não valia a pena. Quando alguém posta algo ofensivo em tom de deboche, piada ou provocação, essa pessoa não quer debater e refletir sobre o debate, ela quer simplesmente: (1) ganhar likes e (2) humilhar o outro. Vale a pena se esgoelar para quem não tá nem aí pra você? Eu acho que não. Não quer desfazer a amizade com a pessoa? Pare de segui-la, ou, se for alguma página produzindo conteúdo preconceituoso, mais fácil ainda: pare de curtir.

Marcar amigos gordos ou compartilhar esse tipo de coisa em grupos de debate contra a gordofobia é ainda pior, porque pode ativar o gatilho da raiva em outras pessoas, e não sabemos como cada um vai reagir. Eu não sou a pessoa mais espiritualizada do mundo e tô longe de ser psicóloga, mas se alimentar mentalmente de coisas que nos provocam sentimentos nocivos não parece ser a opção mais saudável.

Que tal mantermos o foco no que faz bem? Em exemplos inspiradores de mulheres gordas (Alguém já viu o bebê fofo da Tess Holliday?), nas novas marcas surgindo (dia 3 vai ter o lançamento da Maria Abacaxita, em SP!), nos bazares, debates que enriqueçam, na troca de experiências. Garanto que fortalece mais que Biotônico Fontoura.

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