Acho que todo mundo que tem acesso a internet acompanhou semana passada as denúncias de assédio de twitteiros a uma menor de idade, participante do Masterchef Júnior. A indignação das manas de luta gerou a campanha que lançou no Twitter a hashtag #primeiroassédio, onde mulheres poderiam compartilhar sobre a primeira vez em que foram assediadas. Eu confesso que me senti mal com os casos relatados, principalmente porque a maioria afetava memórias de infância das mulheres, muitas não tinham nem 10 anos quando foram assediadas pela primeira vez!

Óbvio que a união entre mulheres – mesmo que seja pra denunciar algo tão triste – incomoda, e muito. Só que nem nos meus piores pesadelos eu imaginava que teriam homens fazendo piada sobre assedio sexual, ainda mais envolvendo pedofilia. Talvez eu seja muito Poliana. Não só tentaram ridicularizar a iniciativa das meninas, como ativaram gatilhos, e adivinhem: associaram assédio à padrões de beleza.

Exponho mesmo, homem escroto tem mais é que ser rachado

Poucas pessoas conseguem entender, mas uma mulher gorda, além de sofrer com ofensas e toda a gama de preconceitos, ainda é alvo de fetiches. Sou a prova viva de que gorda é encoxada no metrô, leva cantada e é assediada como qualquer outra mulher magra ou atlética. E ainda tem um agravante: quando a mulher gorda reage a esse assédio, é motivo de chacota, afinal, para algumas pessoas, as gordas devem agradecer por serem assediadas, né?

NOVE pessoas retuitaram essa asneira.

Essa fala é perigosa demais, pois envolve apagamento da mulher gorda, culpabilização da vítima – “mulher bonita” tem mais que ser assediada, né? -, e ainda reforça estereótipos de padrões de beleza, dando a entender que gorda = feia.

Para quem insiste em dizer que esse discurso “é só uma piada” e que “a zuêra não tem limites”, fica aqui o recado:

 

2 Comments

  1. Igual a você acho que sou bem Poliana também. Eu fiquei muito triste com essa campanha. Triste pelas minas que desde muito cedo já sofreram tipos severos de assédio. Eu não compartilhei meu primeiro assédio, não tenho segurança pra isso. Como mulher gorda me sinto duplamente objetificada e é triste que os assédios que sofremos seja ainda mais vistos como chacota. Ótimo texto <3

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