Nas últimas semanas eu vim publicando sobre um evento super bacana que aconteceu ontem aqui no Rio de Janeiro: o Big Bazar de verão! Organizado pela multitask Babu Carreira – a mina é atriz, blogger, vlogger, pole dancer E modelo -, o Big Bazar contou vários stands de lojas queridinhas das It gordas e algumas ações para entreter os frequentadores, como uma batalha de looks entre blogueiras, sorteios e rodas de conversas com temas ligados às mulheres gordas.
Sei que nós somos super carentes de representatividade, e de repente Adele – que já foi gorda -, Meghan Trainor – que canta uma música direcionada à “gordas” e qualquer outra mulher que tenha busto, quadril, cintura e coxas mais avantajados e esteja desfilando em um tapete vermelho muitas vezes faz nossos olhos brilharem.
Mas é preciso parar e refletir.
Se eu bato palmas pra Jazmine Sullivan e digo que ela representa as mulheres gordas, estou me invisibilizando. Aquele vestido que ela usou não entra em mim nem se eu perder 10 quilos! Ao cair na ilusão de comentar “um corpo é um corpo” (deusa, como odeio essa expressão escrota) na foto de Adele, eu estou fazendo coro aos que creem realmente que aqueles são corpos gordos.
E não são.
Naonde Meghan Trainor é uma mulher gorda?- Foto US Magazine
Precisamos PRA ONTEM parar com a ideia de que quem não é Taylor Swift, é gorda. Precisamos parar de aplaudir marcas que falam em BELEZA REAL colocando uma mulher de cintura fina e quadril largo em seus editoriais. E, acima de tudo, precisamos parar de confundir opressão estética com gordofobia. Todas as mulheres que citei neste post estavam belíssimas no tapete vermelho do grammy, mas estão longe de serem gordas. Estão longe de sofrer gordofobia, de não caberem no avião, não encontrarem roupas ou terem sua saúde colocada em xeque o tempo inteiro.
Vamos parar de nos esconder atrás do termo plus size e assumirmos que somos mulheres gordas? Vamos bater na tecla de que ser chamado de gorda ou reconhecida como uma não é ofensa? É um exercício difícil, porém necessário pra que a gente ocupe espaços que nos são diariamente negados, e pior, que fingem nos incluir.
Que Adele é uma ótima cantora e suas músicas tocam lá no fundo, todo mundo sabe. É uma das minha cantoras favoritas, principalmente quando bate aquela bad destruidora, além de ser linda, simpática e gorda.
“Ah, mas ser gorda é só uma característica dela, Mari.”
Bom, quando falamos em representatividade, é sempre importante ressaltar essa característica. Raramente vemos mulheres gordas de sucesso, principalmente nas frentes artísticas (atrizes, cantoras, modelos, djs, artistas plásticas), então quando uma gorda cheia de talento se destaca, é motivo de identificação e orgulho, sim.
Além de tudo, Adele tem um estilo bem peculiar, digamos assim. A cantora aposta no preto, em outros tons escuros, clássicos pra arrasar sempre. Sem falar na maquiagem, sempre impecável.
Por usar muitas peças pretas, coringas no armário de qualquer pessoa, achei que seria fácil meio que reproduzir o figurino dela, mas ó: não. Adele mora na Europa, onde as quatro estações são bem definidas, e, acredite se quiser, não achei um look de verão dela. Logo, vi que a maravilhosidade de Adele pode servir como inspiração, mesmo nesse verão de 85 graus aqui no Rio de Janeiro. Montei dois looks completos, tentei fazer uma make bonita, e me transformei na Adele dos trópicos.
Primeiro look
Vestido da Wear Ever + bolsa da renner + slippers da Renner
Chapéu e brincos de aspas da Forever 21
Óculos do camelô rs
Segundo look
Macacão da Quintess (já saiu de linha) + sapato C&A + bolsa da Renner
Brincos de aspas e cordão de lua da Forever 21
Ensaiei um século antes de escrever esse post, até porque, sendo bem sincera, nem curti muito as fotos do ensaio. Tomei uns pedalas da vida essa semana, e acabei não indo pro pré-carnaval, mesmo já tendo comprado muitos acessórios que me permitirão ser outra pessoa na festa da carne.
Em grupos de discussão sobre gordofobia no Facebook, essa semana surgiram várias meninas tímidas, com vergonha ou sem ideias de fantasias, se sentindo eclipsadas pelas amigas magras, e, por fim, querendo muitas dicas de como enfrentar o calor sendo gorda.
Em primeiro lugar: bota o corpo no sol. Sério, senta aqui, me lê, me entende. Você pode usar top, usar sutiã, usar cropped, usar blusa de alcinha ou tomara que caia, independente do tamanho dos seus braços, seios ou barriga. Pode também usar shortinho, hot pants, vestido curto e justo, se achar confortável. Eu sei que sempre toco nessa tecla, mas o maior enfrentamento que damos pra essa sociedade que julga e exclui mulheres gordas é o amor ao próprio corpo, a imposição dele. Sei também que não é fácil enfrentar os olhares, ouvir deboche, ofensa. Por isso, a minha dica é ir gradualmente se despindo desses conceitos velhos de “roupas pra gordas”, até se sentir completamente à vontade pra enfrentar gente babaca pela rua.
O carnaval é uma época muito boa pra começar nesse processo, já que tá todo mundo preocupado em curtir o bloco e as festas e nem aí pra fantasia do outro. E quer saber? Eu odiava carnaval, de verdade. Até que vi que meu ódio era direcionado ao meu próprio corpo que não cabia em nenhuma daquelas fantasias ~sexies~, e que me faria passar MUITO calor com a quantidade de roupa que eu usava.
Hoje vim dar umas dicas de montação com acessórios que vendem em lojas de festas/fantasias. Você não precisa gastar uma fortuna pra um outfit que vai usar uma – no máximo duas – vezes ao ano, e ainda pode “ser” vários personagem durante a folia.
Vamos lá?
*Mágica*
Usei um macaquinho da Wear Ever e completei o look com uma gravatinha borboleta, cartola e uma piteira avulsa da fantasia de melindrosa, rs. Essa foi mais no improviso, quem vai usar é meu noivo. Eu serei a coelhinha que sai maravilhosa da cartola dele, haha.
*Unicórnio*
Postei essas fotos no meu Instagram e na página do blog no Facebook e todo mundo amou! Infelizmente ainda sou newbie na make up, quem me produziu, montou o arco e tirou a foto foi a minha prima. O que consigo explicar no meu nada-didático-modo é que preparamos a pele, passamos um primer de sombra, depois o desenho foi feito com sombras coloridas. Em cima do fosco das sombras, passamos manteiga de cacau e fomos cobrindo com o glitter. Estava pronta a make de unicórnio.
Usei saia de tule – vende nos comércios populares da vida e eu comprei duas e levei na costureira pra emendar uma na outra -, um cropped branco básico que comprei na Renner há séculos (mas vc pode cortar um camisetão que dá certo), e o chifre de unicórnio foi feito de papel cartão laminado e colado com cola quente numa tiara simples.
Com ou sem fantasia, o que importa é aproveitar bem o carnaval e respeitar os limites do seu corpo. Não esqueçam de beber muita água, principalmente nos intervalos entre uma cerveja e outra. Tá super quente, e, quanto mais hidratadas, mais saudáveis e dispostas estaremos pra curtir muito. Aproveitem!
1. Blusa de donuts da Oh, querida!