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Senta que lá vem polêmica.

Há quase dois anos, fiz um post sobre a FARM, marca que nasceu aqui no Rio e que tá há vinte anos bombando no mercado do varejo. Não é difícil de explicar o sucesso, afinal, tem um exército de farmetes que são realmente apaixonadas por tudo o que a marca produz – e muuuitos grupos Facebook afora onde a gente pode ver como as peças ficam em diferentes tipos de corpos.

Naquele post, contei que antes de tomar coragem pra entrar em uma das lojas, eu passava do outro lado da porta, mas que depois que fui pela primeira vez, rolou uma química forte e virei cliente fiel. Hoje chuto que devo ter umas 15 peças da marca no meu armário.

No último fim de semana, fui convidada pela marca para conhecer a nova coleção, chamada “Natureza Feminina”. Dei uma olhada no lookbook e no site, não foi difícil entender o nome da coleção.  Muitas referências ao nosso sagrado e à natureza, que vão das estampas -lírios, onças, borboletas, etc – até a cartela de cores, que tá bem, digamos, firme, terrosa.

E bem, quando o convite veio, já imaginei que teriam várias peças que me cairiam bem, então a animação triplicou. Obviamente estava certíssima, haha. Fui até minha loja-xodó, a do Rio Design Barra, aqui no Rio. Aproveitei para conhecer a minha nova vendedora, Marina, e ela foi ótima. A Thais e a Yasmin –  que me atendiam antigamente -já sabiam meus gostos e preferências, então eu e a Marina aproveitamos para estreitarmos a nossa relação.

A sensação que eu tive é de que as modelagens estão pouco a pouco sendo ampliadas, e cada vez que vou lá, mais peças me atendem. E o grande pulo, pra mim, foi, pela primeira vez, ter vestido calças e macacões de lá. Mostrei algumas coisas com exclusividade nos Stories (procurem pela pasta FARM nos destaques), e vou mostrar com mais detalhes por aqui.

“Ah, Mari, mas são poucas as roupas que cabem em quem veste Plus Size”. Infelizmente isso não é exclusividade da FARM, acontece em grande parte do varejo. Eu visto 54, mas alguém que use 46 ou 48, por exemplo, vai encontrar muuuito mais peças que eu. Tenho uma amiga que veste 56 e também compra na FARM desde que viu o post aqui no blog ❤. É garimpo pra ver o que te faz sentir linda e confortável. Pra mim, vale muito a pena. Além do mais, gosto da ideia da marca rever os conceitos apostando em diversidade de corpos.

Escolhi a camisa de botões (tenho uma parecida, a roda saia, leia o post dela aqui), a t-shirt do meu signo (tem de todos!), o macacão (que foi um sucesso nos meus stories!), e a blusa – que usarei como vestido, rs -, minha peça preferida.

De uns dois anos pra cá, começaram a pipocar comerciais e campanhas de marcas que visam o empoderamento de minorias. Salvo engano, o primeiro comercial “polêmico” foi o d’O Boticário, em que um casal de homens gays comemorava o natal (ou dia dos namorados, ou qualquer outra data comercial, rs).  A cada “diferente” que aparecia em propagandas tendo sua condição social celebrada, vinha uma pororoca de reclamações das mais diversas. Com as gordas não seria diferente, rs.

Ano passado, a Ju Romano saiu nua na capa da Elle online, com celulites e dobrinhas à mostra. Foi o suficiente para as leitoras da revista baterem palmas, com ressalvas de que “se a saúde dela está bem, então tá ótimo”. Como se isso fosse uma preocupação em todas as outras 11 capas do ano, com modelos magérrimas. O mesmo aconteceu quando a Ju anunciou que sairia na Playboy. Como uma mulher gorda ousaria posar para uma revista famosa por fazer editoriais com mulheres encalacradas no padrão socialmente aceito de beleza. Nesse episódio da Playboy, vi até feminista tentando diminuir a blogueira . É complicado entender o impacto da representatividade quando não é feito recorte no feminismo. Nenhuma mulher magra vai conseguir entender o significado de ter a Ju Romano como atração da revista.

E assim é com qualquer outra mídia que se atreva a colocar uma gorda na mídia desconstruindo a imagem de sofrida/engraçada/feia/preguiçosa/triste. Sempre vai ter alguém para reclamar, sempre vai ter alguém pra falar que “não importa se é gorda ou magra, somos todas iguais”, ou que querem insistir que ser gordo é bonito. É claro que, na maioria das vezes, o comentário vem de uma pessoa magra.

Seria perfeito que todos fossem celebrados exatamente do jeito que são. Mulheres e homens, cis ou trans, de todas as etnias, condições e biotipos físicos, independente de orientação sexual. Mas a internet tá aí, dia após dia mostrando para o mundo que não é bem assim. A quantidade de comentários de ódio dizendo que as empresas estão fazendo apologia à obesidade é inacreditável, e, com a rejeição, muitas marcas acabam recuando, o que é uma pena, porque:

 

aquelamari-empoderamento-representatividade-gorda-avon

Gorda usa maquiagem

aquela-mari-representatividade-plus-size

Gorda abre conta no banco, faz cartão de crédito, entra no cheque especial (risos nervosos)

 

                                    Gorda bebe cerveja

 

E usa pasta de dente, come pão com margarina, tem celular de última geração… Portanto, esse é só o início. Nenhum passo atrás.